*Bruno Goularte
Quando faço uma sessão, trabalho nas malhas e frequências energéticas das pessoas.
A imagem, a mensagem, a metáfora que vem para eu explicar a movimentação dessas frequências varia muito. Depende do jeito que cada um vai entender melhor.
E essas explicações que chegam clareiam muitas coisas para mim também.
Quando sento para escrever algumas dessas percepções aqui é como se imagens e mensagens de sessões diferentes fossem se encaixando para escrever um texto só e com sentido coletivo.
Por isso, hoje, eu gostaria de falar sobre nossos erros e incapacidades.
O quanto não devemos desprezá-los.
O quanto é danoso nos culparmos por ter parido essas crianças.
Quando nos punimos por algo que não se pôde fazer - ou por algo que sabíamos que seria bom fazer mas por algum motivo não conseguimos - é como se estivéssemos nos dando doses cavalares de anestesia.
Criamos um pântano desnecessária. Ficamos estagnados nele.
Afundamos ainda mais no limbo da sobrevivência.
Muita gente quer que a gente afunde nesse limbo. Muita gente quer que a gente se limite a sobreviver.
Fazer o quê?
O mundo tem dessas.
Engrenagens que preferem que as chamas dos nossos olhos apaguem, que a alegria dos nossos pulmões vire cansaço, que a criatividade de nossas entranhas fique bem guardada dentro delas, sem nunca ver a luz do sol, ou que se esvaia pelos ralos junto com o dinheiro que querem que a gente não tenha.
E a gente continua, humanos que somos - até demais -, enrascados e cegos nessas engrenagens. Trabalhando por elas e para elas.
O culpado sou eu.
Queria ter feito diferente.
Se eu tivesse agido de outra maneira.
Na minha mente eu entendo, mas não consigo fazer de outra forma…
Criamos tantos muros de impossibilidades com nossas autocobranças e com o desrespeito abismal a nós mesmos que, se um dia as engrenagens manipuladoras parassem de funcionar, a gente ia demorar anos, talvez até morresse, sem perceber que estávamos livres o tempo todo.
E o pior é que isso é verdade. Porque a real é que a gente já tem muita liberdade ao nosso dispor. Uma liberdade que pode romper com as crenças que aceitamos ou nos enfiaram goela abaixo. Uma liberdade que pode criar situações diferentes. Uma liberdade que pode aceitar o incontrolável e parar de reclamar para causar uma revolução interna mexendo apenas no controlável.
E se eu parar de me culpar ou culpar o mundo pelos erros que cometo e cometi?
E se eu entender que os erros foram tão importantes quanto os acertos para que eu chegasse onde cheguei.
Mesmo numa vitória. Mesmo quando consegui realizar algo que sempre lutei para realizar. Eu errei muito nesse caminho. Acertei um outro tanto. Não foram os acertos. Foram a soma dos erros e acertos que me ofertaram a conquista.
Tem times que só vencem um campeonato porque foram desclassificados de maneira vexaminosa em outro que ocorria ao mesmo tempo.
Faz sentido eu seguir me punindo pelos erros depois que passaram? E, pior, pelos erros que sei que ainda vou cometer? Porque vamos. Não tem como. Alguns serão extintos, transmutados, incinerados, mas apenas se deixarmos eles livres para isso, não se seguirmos usando a culpa ou a cobrança para agarrá-los.
Quem somos nós para sabermos que um erro foi realmente ruim?
Se eu não tivesse errado tanto em alguns pontos talvez eu estivesse morto hoje. Eu não sei.
Exemplo:
Tem adultos que se culpam porque cortavam a própria pele na adolescência. Carregam as marcas disso no corpo e se culpam por terem feito algo violento contra o próprio corpo. Escutam toda essa coisa de “respeitar o templo que é o corpo” e isso não os ajuda em nada.
Bem, às vezes uma pessoa que se corta está se salvando de ter um colapso.
É o jeito que ele achou de botar uma pressão pra fora (uma pressão que acabaria com ela) porque o mundo e os acontecimentos do mundo deixaram seu corpo sem vitalidade alguma para colocar de outra maneira.
E aí? Foi ruim ou foi bom?
Outro exemplo:
Tem gente que se culpa ou lamenta muito, a ponto de sofrer, criar conflitos internos, perder energia, porque não pôde estar perto de um pai, uma companheira, um amigo, um bichinho de estimação na hora de sua morte. Ou até que se acha responsável depois que qualquer ente querido falece, porque poderia ter feito algo diferente, ajudado de outra maneira, tomado outras atitudes nos momentos em que teve que fazer uma escolha.
Acontece que a gente não sabe do que o outro precisa. E a gente dá o que tem e o que pode no momento. Tem coisas que a gente pode dar. Outras que a gente não pode dar. E tanto as que você pode como as que você não pode vão ajudar e as pessoas próximas a você de alguma forma. Que não é a forma das suas expectativas intelectuais e projeções a respeito do que é ajudar.
Às vezes, o cachorro que morreu precisava ficar sozinho para poder parar de sofrer. Você ficou com ele e deu tudo que podia por um tempo e quando saiu ele conseguiu zarpar daqui. E você ajudou ele não podendo ficar com ele naquele momento mesmo que não saiba disso e se culpe por isso.
Às vezes, é o contrário. Cada acidente é um acidente. Nunca um é igual ao outro.
Você ajuda o mundo com seus acertos e erros. Com suas possibilidades e impossibilidades. E você se ajuda assim também.
Existem ações e intenções. E quando não podemos dar ação, podemos dar intenção. E às vezes é só isso mesmo que podemos dar, mas é exatamente isso que vai ajudar algo a fluir.
E enquanto a gente se consome baseado em coisas que a gente fez ou deixou de fazer, ou que faz mas não queria tá fazendo, a gente tá tirando força de ações e intenções que poderiam transformar nosso presente, criar melhores alternativas.
O mundo tá cheio de mensagens que vão fazer com que a gente se culpe. Mas isso só acontece se nossa autocobrança e nossos julgamentos estiverem alinhados com as mensagens a ponto de esquecermos da gente.
Em uma sessão essa semana, o cliente que não conseguia sair de uma engrenagem abusiva em sua vida, destrutiva em muitos aspectos, redentora em outras (mesmo que de modo sofrido, desnecessário), relatou que seu analista lhe dizia: "por que você quer se culpar tanto? Se ferir tanto? Por quê?". Ele não sabia. Ele sabia que queria sair. Que não fazia bem. Só que ele não estava conseguindo. E talvez se culpasse por isso. E era levado a querer entender o porquê se feria desse jeito...
Quando me conectei com as malhas dele, nossa senhora, eu fui obrigado a discordar cem por cento daquele analista. Eu entendo o analista. Ele queria ajudar. Ele tava até desesperado em ver o cliente passar por dores desnecessárias. Mas a real é que o cliente não queria se ferir. Não queria se culpar. O cliente só era uma força da natureza dentro de um corpo humano. E desde criança foi ensinado a ser esse humano que a gente é ensinado a ser. Essa coisa doentia de nos colocar dentro de caixas de como se relaciona, como se ganha a vida, como se faz tal e tal coisa da maneira correta, como se lida com sentimentos, pensamentos, emoções, expectativas etc etc.
Você acha que essa pessoa quer se ferir? Pelo amor de Deus! Ela quer ser quem ela é. Só que isso não bate com o que ensinam que os humanos tem que ser. Com as consequências das porradas que levamos no meio do caminho. A gente não quer se ferir. Já tem coisa demais que nos fere. A gente quer se preencher. E acha que tem algo errado conosco porque não nos sentimos preenchidos.
Na busca de nos preenchermos, procuramos nos lugares errados. Entramos nas estradas erradas. Mas que culpa temos nós? São essas as estradas que construíram pra gente andar? Que nos ensinaram a trilhar como "caminho seguro, correto". O resto é mato. Então vamos pela estrada. E percebemos em algum momento que não é bem o caminho que queremos. Só que já estamos na estrada.
Até sabemos que queremos sair dela. Só que precisamos encontrar o retorno. Às vezes ele tá perto. Às vezes ele tá longe. Às vezes tá um puta de um engarrafamento. Você vai se culpar por ainda tá na estrada, caramba? Liga o rádio. Espera o trânsito desafogar cantando uma música que você gosta. Abre a janela e olha melhor o céu azul lá fora. Às vezes é isso que dá pra fazer. Às vezes isso vai nos dar energia pra vir uma intuição, uma percepção, de que talvez dê pra cortar o caminho de uma outra forma. Ou que você nem precisa tá naquele carro. Pode deixar ele com a chave na ignição e correr em campo aberto.
Os pensamentos negativos. De culpa. Autossabotagem. Medo. Raiva. Vão sumir depois disso? Você vai seguir a vida correndo em campo aberto sem que essas sombras te alcancem e te assustem? Sem que por algum motivo que você não entende uma parte sua queira te arrastar de novo pra dentro daquele trânsito e da estrada "segura"?
Claro que não.
Houve algo engraçado com esse mesmo cliente.
A gente foi eliminando raízes que geravam esses pensamentos e emoções nas malhas.
E quando perguntei para os céus “Os pensamentos danosos vão acabar agora?” a resposta que veio foi um sonoro “Claro que não! A não ser que a gente torne o cérebro dele deficiente”.
Sabe por quê?
Porque é isso que o cérebro faz. Ele decodifica frequências. Do que a gente vive, conheceu, absorveu, e capta no momento.
Se a gente viveu um período intenso e turbulento que encheu nossa memória de feridas e abusos, desgraça e confusão, você acha que vai parar de pensar em coisas ligadas a essas frequências? Assim de repente?
É isso que o cérebro faz. Ele serve para isso. Ele é bom por isso. Ele nos ajuda com isso.
O cérebro desse cliente inclusive era um belo cérebro. Rápido. Certeiro. Ajudava muito no seu raciocínio rápido, na sua facilidade de resolver problemas dos outros, do mundo, uma habilidade incrível para encontrar soluções inesperadas e desarmar bombas. Ele não deve perder isso. Isso é uma arma poderosa para ele. Por isso, o cérebro vai seguir sendo o que ele é e traduzindo as memórias do corpo dele em pensamentos.
É por isso que é tão importante sabermos que não somos nossos pensamentos. Que eles são só frequência. Que essas frequências são baseadas nos nossos registros, nos acontecimentos que nos tocaram durante a vida. E não nas respostas fundamentais. No que é realmente certo e realmente errado no universo.
Quando pensamos o contrário disso, estamos sempre fugindo. Por mais que a gente insista que não. Que pense que está enfrentando os medos. Lutando contra o mal. Estamos sempre criando emoções ou aceitando emoções que não precisávamos carregar.
Estamos sempre negando algo fundamental e bonito.
Algo que é a gente. Algo que os pensamentos não sabem decifrar.
Estamos sempre tentando ser humanos do jeito errado e mesquinho que querem que a gente seja. Por mais que neguemos, estamos fugindo.
Porque quando estamos dando poder em demasia para um pensamento, ou vários, uma memória, ou várias, a ponto de elas nos deixarem doentes ou em sofrimento, estamos negando o presente onde isso não existe, o presente onde o pensamento deveria ser só uma frequência que já passou. A memória ser só algo que já aconteceu. E que nos serve como base, como ponto de referência, e não como realidade atual.
A culpa é nossa por essa fuga? Estamos errando? Claro que não. Estávamos tentando nos preencher. Do jeito que nos ensinaram.
Mas não deu certo, deu?
Não vamos ter energia para romper com tudo de uma vez agora, porque nos desgastamos nessa tentativa.
Então vamos nos dar prazer. E se possível dar atenção para a origem desse dar prazer. De onde ele vem. Assim aprendemos a nos dar prazer de um jeito saudável. A respeitar o nosso sentir. Aceitar que o que pensamos que foi erro ou acerto, são matéria bruta dos acidentes que constituem a nossa vida.
A nossa vida pode ficar muito mais bonita, ou no mínimo menos difícil de suportar, quando começamos a dar o sentido certo para as coisas.
Qual sentido você quer dar para o seu dia? Para a sua manhã, para a sua tarde? Comece pelo pequeno. Se você não sabe nem o que tá sentindo. Comece pelo minúsculo.
Meus dedos gostam de tocar a água. Vou fazer isso. Meus pés gostam de pisar na grama, vou me dar isso essa semana. Me deu vontade comer pastel de feira, faz tanto tempo, quem sabe eu cace uma feira esse mês, antes de achar que tenho que cumprir determinada tarefa, resolver todos os meus problemas, antes de reclamar,
Crie musculatura para essa autonutrição. Se eu ganhasse um real para a quantidade de clientes chegam se sentindo desconectados, desvitalizados, mas eles só fazem o que não gostam, ou o que é automático. Não param um minuto do dia para se dar algo diferente. Para criar essa musculatura. Como que vai tá conectado assim? Tem gente que nem consegue fazer isso, de tanta prisão, de tanto labirinto, a gente ajuda, transforma algumas conexões, libera alguns fluxos, corrige uns pontos onde a dor não permite que nasça o prazer, se possível, mas depois ainda depende só do cliente, ele ainda vai ter que criar a musculatura.
É interessante ver os resultados de quem começa a criar. O quão profundo se chega numa sessão em quem tem essa musculatura sendo treinada. A quantidade de movimentos que são despertados. De frequências que se colidem e criam coisas novas. De culpas que entram em extinção.
Comece a respeitar as suas vontades sem se perguntar o sentido intelectual de tá fazendo isso. Não interessa o propósito do porquê molhar os dedos na água, pisar na grama, comer pastel, voltar a escrever poesia que nem gostava de fazer quando era jovem, voltar a estudar astronomia por mais que você seja bancário e isso não vá te levar a lugar nenhum.
Você que pensa que não vai. Ou melhor. Os seus pensamentos que pensam que não vai. É claro que vai te levar pra muitos lugares. Você só não sabe quais. Às vezes o medo do desconhecido não deixa. Ainda bem que você não é apenas esse medo. Ainda bem que você vai tá fazendo sem esperar um retorno. Você vai tá fazendo porque você gosta.
A gente precisa fazer coisas que a gente gosta. Coisas que a gente realmente gosta. Não o que nos fizeram acreditar que é bom fazer.
Cave. Procure. Uma hora você encontra uma coisa que você gosta, que dá pra fazer (independente das duras e reais circunstâncias da vida) e não tá sendo feita. Outras virão depois da primeira.
É um bom caminho pra acumular energia e começar a curar o que você nem sabia que dava pra curar. Só criando musculatura.
*Esses textos não correspondem a nenhuma opinião do site em si, são apenas conjecturas particulares baseadas em percepções sobre as Sessões do Caminho e o que absorvo no meu dia a dia, sem visar nenhum ponto final
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